Arthur Coutinho D’Alvarenga, filho de Henrique da Silva Coutinho, é considerado um desbravador do Noroeste do Espírito Santo. De acordo com o site da Prefeitura de Colatina, é lembrado como um dos pioneiros brasileiros na imigração, pois em tempo de colonização na região, a Fazenda Jovem Arminda foi montada por ele para servir de apoio às famílias de imigrantes italianos que por ali chegavam no final do século XIX.
O Coronel Arthur Coutinho D’Alvarenga também foi vereador de Colatina no período de 1924-1927, como consta no site da Câmara de Vereadores do município.
Um dos filhos do coronel, Henrique Nunes Coutinho, dá início à história da energia elétrica no noroeste do Espírito Santo. Nota-se que o jovem, na década de 20, já possuía o espírito empreendedor e de luta da família.
Leigo, mas curioso sobre assuntos de energia elétrica, Henrique construiu uma usina hidrelétrica na Fazenda Jovem Arminda, no próprio Rio Santa Maria. Ela era constituída por uma represa de troncos lavrados de madeira e uma grande roda d’água, movimentando assim um engenho de cana para a fabricação de aguardente e açúcar. Logo a energia elétrica substituiu a máquina a vapor que movimentava os engenhos da propriedade.
Henrique Nunes Coutinho nasceu em 1904 na Fazenda Jovem Arminda, situada em Barra do Córrego Senador, nas proximidades de São Zenon, no vale do Rio Santa Maria, no município de Colatina, ES. A propriedade tinha uma boa estrutura com engenho para fabricação de açúcar, fubá e cachaça, moinho, máquinas para beneficiar arroz e café, acionadas pela máquina a vapor utilizando lenha como combustível.
Por volta de 1936, Henrique Nunes Coutinho adquiriu uma nova fazenda próximo à Mutum (hoje distrito de Boapaba, município de Colatina) para criar gados bovino e suíno. Na propriedade existe ainda hoje a Cachoeira Santa Maria. Lá, na margem direita do Rio Santa Maria, Henrique Nunes Coutinho construiu uma nova usina hidrelétrica, com estrutura para beneficiar café, arroz e milho.
Por volta de 1938, Henrique Nunes Coutinho mudou-se com toda a família para a fazenda Jovem Arminda para essa propriedade. Ele tinha 4 filhos e era casado com Stella Arpini Coutinho. Na década de 40, construiu uma usina maior na margem esquerda. Sua intenção era a transferência para o Bairro Vila Lenira, em Colatina, de sua indústria de beneficiamento de cereais, mediante a construção de uma linha de 11,4 kV, com extensão aproximada de 12 quilômetros.
O prefeito de Colatina na época, o médico Silvio Avidos, seu amigo particular, o convenceu a suprir a cidade de Colatina com energia elétrica usando o excedente de sua usina. Na época a cidade era servida precariamente por energia elétrica gerada por uma pequena usina térmica com caldeira à lenha e um motor à diesel. Era a energia “vagalume”, fornecida apenas durante algumas horas por dia.
Para regularizar a situação, foi solicitada a concessão, concedida em 1946 pela Divisão de Águas do Ministério da Agricultura. Essa energia excedente da usina foi suficiente apenas por algum tempo, pois a cidade acelerou seu crescimento com a energia elétrica. Por isso, Henrique Nunes Coutinho construiu outra usina ao lado da segunda e, em 1950, o então governador do Estado, Dr. Carlos Fernando Monteiro Lindemberg, assinou um convênio com ele para a construção de uma usina hidrelétrica para atender os distritos de Santo Antônio e São João de Petrópolis e a Escola Agrotécnica situada no mesmo distrito, no município de Santa Teresa. Surgia, então, a usina de Tabocas, que atendeu ainda Mutum, Vinte e Cinco de Julho e São Roque.
A energia promoveu desenvolvimento da economia da cidade de Colatina. Assim, esse pioneiro da energia elétrica em nossa região, instalou em 1953, no atual Bairro Lacê, em Colatina, uma usina termelétrica acionada por dois conjuntos geradores a diesel de 310 HP cada um.
Posteriormente, buscando suprir a necessidade de energia elétrica, surgia mais uma usina hidrelétrica, desta vez na Cachoeira do Oito, no Rio Pancas, em Colatina, concluída em 1957.
Henrique também foi atuante na política. Foi o primeiro prefeito eleito após o regime ditatorial (1º de janeiro de 1948 a 31 de janeiro de 1951). Foi em seu governo, em 1949, que Colatina recebeu a visita do então presidente da República, Marechal Eurico Gaspar Dutra, no final de seu mandato, junto com o governador Carlos Fernando Monteiro Lindenberg, para a inauguração do serviço de água, esgoto e Hospital e Maternidade Silvio Avidos.
Um salto importante para a Empresa ocorreu no ano de 1961. Para atender ao aumento do consumo da área atendida, passou a contratar a compra de energia elétrica gerada pela Usina de Rio Bonito, no Rio Santa Maria de Vitória, município de Santa Leopoldina, ES, pertencente à Espírito Santo Centrais Elétricas S/A-Escelsa.
Essa interligação significou mais abundância de eletricidade, permitindo ampliar os serviços da Empresa e levar energia ao município de São Gabriel da Palha, passando pelos distritos de Paul, Graça Aranha, Novo Brasil, Governador Lindenberg e também São Domingos. De São Gabriel foi construído um ramal até Pancas.
Em seguida, um grande programa de eletrificação rural foi realizado, tornando a Santa Maria pioneira da eletrificação rural no Brasil.